A Região de Lisboa abriu o ano dos acampamentos regionais

30-06-2022
Ninguém passa pela vida, tal como não percorre um campo, sem deixar vestígios atrás de si, e esses vestígios podem muitas vezes ser úteis àqueles que virão depois, ajudando-os a encontrar o caminho.

"A Escola da Vida" – autobiografia de Baden-Powell

(Lessons from the varsity of life, no original de 1933)


A Região de Lisboa realizou nos dias 28 e 29 de Maio o seu VII Acampamento Regional, celebrando em ambiente fraterno o muito desejado regresso colectivo à vida em campo e ao convívio entre escuteiros adultos no seu ambiente natural.

Procurando manter a periodicidade de 3 anos definida pelos "usos e costumes" regionais e seguindo o propósito assumido pela Direcção Regional de Lisboa para a sua realização, este acampamento deveria ter-se concretizado em Maio de 2020, após um necessariamente curto tempo de preparação. 

No entanto, como tantas outras actividades escutistas, dentro e fora da FNA, também o acampamento regional de Lisboa conheceu os efeitos das medidas restritivas e de protecção decorrentes da pandemia, ficando assim adiado sine die.

Com uma dose reforçada de esperança e muita fé em melhores tempos, a equipa regional considerou no seu plano de acção para 2022 um firme compromisso em realizar o acampamento. 

A proposta foi oportunamente apresentada e discutida em reunião com as Direcções dos Núcleos e em Conselho Regional, tendo merecido ampla aprovação pelos associados. Garantida a necessária articulação com os Núcleos, partiu-se para a organização e concretização efectivas do acampamento regional.

O local escolhido para o acampamento foi o Santuário de Nossa Senhora da Misericórdia, localizado na freguesia de Moita dos Ferreiros, concelho da Lourinhã. Procurou-se dessa forma uma alternativa à lógica dos centros escutistas, pelo desejado regresso a um estado de maior autenticidade e de autonomia na vivência em campo, mesmo com as limitações logísticas que isso tradicionalmente implica.

Sob o tema "Que pegada queres deixar?", escolhido para mote da actividade, os participantes foram desafiados a reflectir interiormente em torno de diferentes dimensões da sua vida, à luz daquela pergunta, procurando abarcar o plano pessoal, o plano da vida associativa e a responsabilidade social que lhes está associada. 

Para apoiar este exercício de reflexão pessoal foram sugeridas algumas questões concretas: 

- De que forma vemos o nosso testemunho de vida e de serviço na FNA?

- Como nos relacionamos, por exemplo, com o meio-ambiente?

- Como desejamos ser recordados?

As tarefas de preparação do campo decorreram com eficácia e a bom ritmo, sempre com o inestimável apoio do Núcleo da Lourinhã, merecendo destaque o pórtico (temporário) montado de raiz à moda escutista e as tarjas alusivas à actividade que o encimaram.

Mas a ansiedade pelo regresso a um acampamento ia crescendo, entretanto, por Lisboa e arrabaldes. De tal forma que, ainda na véspera da abertura oficial da actividade, vários associados tomaram a iniciativa de "arrumar a trouxa" e rumar para o local, procurando antecipar a experiência e prolongar a sua estadia em campo. 

Celebrava-se nessa sexta-feira o 67.º aniversário da FNA e foi uma excelente surpresa para a organização. Mas como qualquer boa surpresa deve ser convenientemente acolhida e correspondida, a noite trouxe aos convivas um bolo ofertado pela Direcção Regional alusivo à comemoração e o animado cântico dos tradicionais "parabéns" à FNA e a um associado presente, num momento partilhado que se revelou de grande simbologia e significado. 

Não poderia ter havido melhor maneira de começar uma actividade regional em ambiente de grande fraternidade.

Durante a manhã de Sábado procedeu-se à recepção dos (demais) participantes, registo, entrega do kit de campo e encaminhamento para as zonas de acampamento ou acantonamento. Seguiu-se a abertura oficial da actividade, com desfile no espaço do Santuário e alocuções ao contingente pelo Presidente da Mesa dos Conselhos Nacionais e associado do Núcleo da Lourinhã, Jorge Caria, pelo Presidente da Direcção Regional de Lisboa, Nuno Costa, e pelo associado José Maria Vieira, também do Núcleo anfitrião.

Cumpridas as devidas formalidades, realizou-se uma visita acompanhada ao espaço do Santuário, oportunidade para conhecer a sua história e a origem do culto ali prestado a Nossa Senhora da Misericórdia.

Após almoço, os nossos escuteiros partiram em autocarro para o Dino Parque da Lourinhã, o maior museu ao ar livre em Portugal, onde durante toda a tarde tomaram contacto com diversas amostras e representações da presença de dinossauros na região.

O final do dia trouxe a campo uns seres estranhamente animados e semelhantes às personagens da animação "Flintstones", que aproveitaram a circunstância para se divertir por ali e devorar ao ar livre um excelente Sus scrofa domesticus, mais conhecido simplesmente como "porco", devidamente assado a preceito após difícil e heróica captura. 

Bem perto, e com outra animação de fundo, iniciava-se uma animada festividade local... Devidamente saciados, os "Flintstones" partiram depois para um espaço afastado e reservado ao fogo de conselho, com direito efectivo a fogueira real e bem alimentada, sob o ânimo e a dinâmica contagiantes do José Maria Vieira. 

Ao redor das chamas reviveram-se, à nossa maneira, muitas peripécias do dia e dos que antecederam, assim como outras representações que os nossos escuteiros quiseram partilhar na simbologia própria do momento que selou o final do dia.

A manhã de Domingo foi dedicada primeiramente ao serviço em campo, com acções de limpeza de canteiros e manutenção de espécies plantadas na área do Santuário de Nossa Senhora da Misericórdia. Tempo depois para um atelier sobre falcoaria e aves de rapina com o criador Nuno Garcia que proporcionou aos presentes um melhor conhecimento sobre os esforços de protecção desses animais e, particularmente, uma rara oportunidade de interacção com um falcão de Laggar (Falco jugger) integrado no âmbito da iniciativa internacional "Project Lugger – Action in Conservation". 

Da parte da tarde, a Direcção Regional surpreendeu os participantes com uma apresentação ao vivo da famosa, talentosa e multifacetada "Alzira", num espectáculo de humor levado à cena pelo escuteiro e actor José Carlos Completo.

Após o espectáculo foram atribuídos louvores regionais ao Núcleo da Lourinhã e a entidades locais que, com a sua colaboração activa, tornaram possível a realização do VII Acampamento Regional de Lisboa. Os Núcleos participantes receberam ainda o respectivo certificado de participação e uma decoração em madeira alusiva à actividade.

Honrou-nos com a sua presença neste dia e pelas palavras então proferidas o Vice-Presidente da Direcção Nacional, António Cardoso.

Contaminados positivamente pelo tema do acampamento e imbuídos de um espírito genuíno de fraternidade, os escuteiros adultos de Lisboa concluíram a sua participação no acampamento regional com a Eucaristia celebrada no Santuário pelo Rev.º Padre Carlos Branco, Pároco de Moita dos Ferreiros.

Terminada a Eucarística foi altura de regressar ao pórtico de campo para ali proceder ao encerramento oficial do acampamento.

O VII Acampamento Regional marcou o regresso da FNA Lisboa à maior celebração escutista da Regiãoe proporcionou aos participantes o reencontro adiado com a vida em campo e a expressão colectiva do ideal que nos une. 

Na esteira dos ensinamentos de B.P., resta a esperança que também esta actividade tenha deixado pegadas atrás de si, que perdurem e ajudem quem quiser, agora e depois, a fazer caminho de autêntica Fraternidade. 

Até 2025!

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